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MARCADORES CONVERSACIONAIS NA FALA DE IDOSOS: UM ESTUDO QUALITATIVO
GABRIELA FERREIRA MARTINS

Última alteração: 2019-10-29

Resumo


O presente trabalho apresenta um breve recorte do projeto de Iniciação Científica “Estudo sociolinguístico sobre as variações linguísticas na fala da terceira idade”. Nesse recorte, o objetivo principal foi investigar o uso de marcadores conversacionais, unidades típicas de fala, dotadas de grande frequência, recorrência, convencionalidade, em entrevistas orais, mostrando as funções discursivas e interacionais que exercem em determinados contextos. A análise fundamentou-se em alguns princípios da Sociolinguística, como por exemplo, o pressuposto de analisar a língua em uso, relacionando as variações linguísticas a fatores sociais. Da mesma maneira, seguiu certos passos metodológicos da Teoria da variação, assim, o primeiro passo foi a coleta do corpus, a escolha do elemento linguístico em “variação” e a sua relação com fatores linguísticos e sociais. Para este trabalho, foram coletadas duas entrevistas do tipo “informante e documentador’, tal como estabelece Labov (1972), as quais buscam o registro de falas espontâneas dos informantes, isto é, o vernáculo. Porém, embora a Sociolinguística laboviana seja essencialmente quantitativa, trabalhando com uma quantidade de dados expressivos, como se trata de um recorte do projeto, realizamos um estudo qualitativo, averiguando o uso de marcadores em duas transcrições de diálogo entre documentador e informante. Dados do estrato social dos informantes, tais como: grau de escolaridade e classe social revelaram influenciar o uso dos marcadores, pois o falante de maior escolaridade usou um marcador mais formal, assim, ao passo que o informante com menor escolaridade empregou o né, mais coloquial. A função mais comum desses marcadores conversacionais encontrados foi, respectivamente, a finalidade de marcar sequenciamento narrativo, conferindo continuidade ao discurso e organizando à fala e para o falante testar o grau de atenção e participação do interlocutor. Outro resultado interessante foi a recorrência de marcadores em uma conversa informal de um falante com pós-graduação, a qual pôde colaborar para desmistificar a crença de que os marcadores são elementos usados por pessoas não escolarizadas, que dificultam a compreensão do texto, atrapalhando sua organização dentre outras concepções equivocadas a respeito de textos orais.


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